quarta-feira, maio 17, 2006

“Preferi tirar o curso de treinador a ser um jogador banal”

João Bento denunciou o seu gosto pelo futebol ainda em criança. Queria ser jogador de futebol mas acabou por preferir tentar a sua sorte como treinador e por fim à sua carreira de futebolista que, segundo disse “nunca seria grande coisa”.
Hoje é um conceituado treinador de futebol da divisão distrital. Paralelamente a ser um dos poucos treinadores de futebol habilitado a treinar qualquer equipa portuguesa é professor do 1º ciclo na área de matemática/ciências.
Em entrevista à Rádio Sátão, João Bento falou dos problemas existentes nas divisões distritais, das novas normas para a Taça de Portugal e de arbitragem.

Rádio Sátão (RS): O que é leva alguém a ser treinador de futebol?

João Bento (JB): Para ser treinador de futebol não é preciso muito. Todos nós temos um pouco de treinador dentro de nós. Para ser um treinador de futebol credenciado já requer algo mais. No meu caso especifico tem a ver com a vocação, penso eu. Desde muito cedo que estou ligado à pratica desportiva. Enveredei pelo futebol aos dez anos, como quase toda a gente. Felizmente com algum sucesso ao nível da prática desportiva nas camadas jovens que não teve continuidade na fase de seniores. Até que chegou uma altura, com 22 anos, que em vez de optar por ser um jogador que considerava banalíssimo, optei por, quase por brincadeira, tirar o curso de treinador de futebol. Daí para cá decidi por um ponto final na minha carreira de futebolista, que nunca seria grande coisa, mas que se calhar hoje ainda estaria por aí a jogar nestes campos. Comecei como treinador adjunto, depois como treinador das camadas jovens cumulativamente. Felizmente, tenho conseguido ter algum sucesso desportivo que faz com que continue a estar nesta pratica que tem sido cumulativa com a minha carreira de profissional de educação, ou seja, como professor do 2º ciclo de matemática/ciências. São duas realidades completamente distintas que têm sido possíveis de conciliar.

RS: O que é que marcou a sua passagem pela Desportiva do Sátão?

JB: Penso que há duas coisas que me marcaram muito. Em primeiro, o facto de termos conseguido a melhor classificação de sempre da Associação Desportiva de Sátão. Ainda hoje é o sexto ou sétimo lugar que conseguimos na minha primeira época cá. Depois, foi na segunda época que realmente aconteceram um conjunto de situações que me marcaram pela negativa, mas também que me fortaleceram enquanto treinador de futebol. Foi o arrelvamento do estádio que implicou muitos meses de um enorme sacrifício e depois a frustação que foi sair uma semana antes do arrevalmente estar concluído. Para além disso, há de facto um conjunto de pessoas que me marcaram, enquanto agente desportivo e enquanto homem. Umas positivamente, outras nem por isso. Mas há uma série de pessoas do Sátão, desde jogadores, a adeptos e a agentes desportivos, que me marcaram. Eu costumo dizer: aos domingos a gente perde, ganha ou empata, mas no final da vida temos um conjunto de pessoas que nos foram marcando e isso é bem mais importante do que propriamente um resultado desportivo.

RS: O mal do futebol português é a culpabilidade fácil de maus treinadores por maus resultados?

JB: A questão de que as mudanças de treinadores tem a ver com a preocupação que os directores têm de achar que é preciso fazer alguma coisa para que os jogadores corram mais no jogo a seguir, até pode acontecer, mas repare-se que, por norma, quando há uma mudança de treinador, há mudança no plantel também. Conduz a entrada e saída de jogadores e conduz a um desequilíbrio financeiro enorme. A maior parte dos clubes da nossa região que atravessa dificuldades financeira são precisamente aqueles que, ao longo destes últimos anos, têm tido mudanças sistemáticas de treinadores. E não é por acaso que isso acontece. O contrário também se verifica. Penalva não tem tido mudanças de treinador, Nelas não tem tido mudanças de treinador ao longo da época, o Social Lamas também não. E estes são os clubes que nós ouvimos por aí como tendo as suas condições financeiras mais ou menos estabilizadas. Portanto, vê-se que há algum tipo de relação entre uma coisa e a outra. E, principalmente aqui em Viseu, estar dois anos consecutivos num clube é muito difícil. Estar três, como eu estive em Santa Comba Dão, é impossível. E isso, a mim, dá-me um sabor amargo muito intenso.


Uma bela historia de vida...

Será que o João Bento vai ser o novo treinador do Benfica?

3 Comments:

Blogger Gil Baiano said...

E tá de volta!

7:13 da tarde  
Blogger Calu said...

Tanto havia para dizer sobre João Bento...mas não temos tempo!

Fica só a questão pertinente...quem é que lhe disse a ele que, enquanto treinador, não era banal também?

Se calhar não é...tou-me agora a lembrar que há treinadores banais que até são bonzitos...

2:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

é favor não falar mal do Bento....
ele já foi meu professor de educãção física...
como é possível um professor de matemática dar aulas de edcação física????????? ah...tb era treinador lá na terrinha....
Ass. X

5:20 da tarde  

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